Discernindo a Existência

Discernindo a Existência : Será que é possível ?

A Vida é um Presente

A Vida é um Presente
Então, desfaça o laço com carinho, desembrulhe sem pressa, abra a caixa, contemple a beleza que lhe foi imputada e aproveite cada segundo desfrutando de seu bom uso.
Aproveite, ame sem preconceito, divirta-se com sabedoria, estude, conheça, informe-se, pois conhecimento ninguém lhe tira, faça boas ações, embora cometer erros faz parte da vida.
Porém, o mais importante é que realize seus sonhos, ainda que pequenos, médios ou grandiosos. Não desperdice seu tempo pensando no que poderá acontecer, faça o que puder e enquanto puder, antes que o arrependimento lhe pegue e seus momentos se transformem em frustração.
"Nós temos hora para chegar e partir, então aproveite o intervalo".

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Culpa ?

Altar particular (Maria Gadú)

Outro dia pediram-me para escrever um texto que discorresse sobre "culpa". Durante duas semanas venho tentando falar algo sobre culpa, culpados, mas confesso que é um tema complicado de se abordar.
Uma vez escrevi algo para um pessoa: "não há culpados, somos vítimas de nós mesmos". E ao falar sobre isso, um amigo disse-me: -" Mas se há vítimas é porque provavelmente, há culpados". Tenho que reconhecer que é verdade, pois em qualquer caso seja criminal ou civil, haverá sempre um culpado que se refirará à uma transgressão ou causa de um mal, e assim gerará um criminoso ou réu.
Se nos referirmos a crimes, obviamente, que ninguém tem o direito de ferir ou tirar a vida de ninguém, embora alguns ajam assim para se defenderem. Pois, entendem que ameaça violenta que machuque ou tire a vida de alguém gerará um réu e uma vítima, logo haverá um culpado ditado pela justiça que o julgará.
Mas o que meu amigo quer é que eu discorra sobre se há culpados ou culpas nos relacionamentos terminados ou mal resolvidos. Sinceramente, que não sei de quem é a culpa, mas torno a afirmar que há vítimas.
Se verificarmos o santo Aurélio que sempre nos ajuda ele explica de três formas a palavra culpa, a segunda acho que é que cabe aqui -- Culpa, sf- causa de um mal. Só resta saber quem fez mal a quem...
Sabemos que os relacionamentos (a dois)são formas complicadas de viver em sociedade. Aliás, por mais que se tente o ser humano é difícil. Ora quer uma coisa, cinco minutos depois quer outra e sempre haverá quem fique no "vácuo", não entendendo nada. E alguém sempre afirmará que resolveu mudar. Aí a casa cai para um e isso é fato!
Um dos envolvidos na questão ficará mais machucado que o outro, principalmente, quando este não espera. Como dizem por aqui : ----"Aí , maluco! Não entendi nada!"
Os relacionamentos se desgastam com o tempo mesmo por "n" razões, cada um tem as suas. Estas acumuladas junto com outros tantos stresses do dia a dia, vão minando pontos que se entendeu que eram fortes numa união. A gente tem sempre uma certa tendência a achar que o tempo muda as pessoas, que o amor, a compreensão, a bondade, a harmonia, a sinceridade mais esmerada por um dos lados nutrirá e suportará, assim como alicerçará as bases fortalecendo a relação, e os pontos negativos serão superados, assim o outro poderá mudar. Ledo engano!
Isso não acontece você não muda ninguém, você se muda e o que é pior, às vezes deixa toda sua essência mais sublime de ser se adequar à determinadas situações do cotidiano, que vão minando o seu jeito de ser. Geralmente, os mais maleáveis, amáveis vão mudando ou para submissão ou para a revolta.
E aí, de quem é a culpa? Sua, que pode ser a parte mais compreensível, que por contingências das situações muda ou é do outro que tem, geralmente, a tendência de achar que está sempre certo, e não muda um milímetro ou não enxerga mais nada além do seu próprio umbigo? Este tipo de pessoa nunca quer perder nada, se acha sempre o dono da verdade, adora exercer o poder, e este pode ser qualquer um, suas argumentações ou imposições são as mais "sensatas". Logo, as pessoas que tentam preservar os relacionamentos ou buscam a paz e harmonia interior e tentam levar isso para os mesmos , procurando uma convivência mais amena, provavelmente, serão taxadas como: "bobocas, fracas, desequilibradas, carentes, ". Além disso, ouvirão um sonoro :----Acorda Alice! O país das maravilhas já acabou e faz tempo ou lhe dirão você não está na época do romantismo, José de Alencar já morreu faz tempo, Álvares de Azevedo também. Não há mais romantismos, as atitudes e amores são pós-modernos e estes devem ser mais rápidos e práticos, nada de conversinhas românticas, tudo deve ser resolvido na velocidade da luz.
É engraçado isso! Pois, se fala tanto em manter o diálogo, em conversas onde se possam "aparar as arestas" ou que haja um consenso de cada parte. No entanto, acho que tudo isso virou utopia, portanto haverá na verdade sempre um culpado, na hora em que os rompimentos se seguirem.
Aquele que tentou a harmonia, a conversa sempre sofrerá mais e o outro sempre afirmará que não há porques, que a vida é assim mesmo, e que tudo muda mesmo. Logo, você que se dane, deixe de ser romântico demais e tentar consertar o que não tem conserto e nem concerto. Os instrumentos desafinaram e nenhuma sinfônia pode ser tocada com tantos intrumentos musicais desafinados, não há ouvido humano que resista. Portanto, a vida não é cor de rosa! Que cor a vida tem? Não sei, dependerá do pigmento que utilizarmos.
Bom, falo , falo, mas continua sendo difícil, até porque os relacionamentos também são baseados em interesses, no que é melhor neste momento por isso ou por aquilo. Muitos irão empurrar com barriga, até que num determinado momento, um dirá para o outro que a culpa e dele, ou seja dos dois.
A culpa pode ser de todos e de ninguém. Seria tão fácil , se ao invés de sentir pelo outro possessividade, sentissem só amor, mas o amor de certa forma gera um sentimento de posse pelo outro. É o que já disse em outro texto, as pessoas depois que assinam a certidão de casamento ou consolidam um relacionamento, se sentem donas das pessoas como se estas fossem um pedaço de terra, com escritura e registro geral de imóveis. Pessoas são pessoas não são pedaços de terra ou mercadorias.
Então, de quem é a culpa? Acho que a culpa é de quem acredita demais no amor que sente, que provavelmente não será correspondida na mesma medida ou será amada de forma diversa da que idealizou ou que acredita em relacionamentos e amores eternos.
Aprendi uma coisa, só criamos cascas ou carapaças quando sofremos decepções, principalmente, as inesperadas, pois estas machucam demais e até nos levantar leva um certo tempo.
O que fica da lição?
Não acredite em tudo que te falam, apenas 10% ou menos; não aposte na mudança do outro, mas aposte na sua; se você leva dentro de si um modo zen de viver não se deixe minar pelos maus sentimentos; tente controlar o amor que sente pelo outro, pois nem sempre ele te amará com a mesma intensidade ou não amará mesmo; ser sincero e verdadeiro é positivo, mas quando o outro "mudar" repentinamente, não adiantará a sua sinceridade, ele simplesmente te ignorará, porque neste momento o que lhe interessará é o seu ser egoísta, a vida dele ou dela.
Portanto, a culpa é de todos, a vítima é culpada e o réu também é o culpado, ou seja, a vítima também é reu e o culpado também é a vítima. Mudemos o modo de se reconhecer num relacionamento, numa aventura ou numa experiência inesperada. Apenas mude conceitos, emoções, sentimentos, amores, é claro se for capaz!
Enfim, se ninguém se entende, se o amor acabou, se a amizade não ficou ou se não houve esclarecimentos sobre isso ou aquilo, é porque o que foi vivido e sentido não foi o suficiente para suportar as diferenças e deixou de ter importância. Tentar julgar e esclarecer é procurar os culpados e os culpados somos nós, os dois!
E, provavelmente, todos dois terão razões!

Nenhum comentário:

Postar um comentário